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Gasto exorbitante com juros passa de R$ 92 bi somente em maio e beira R$ 1 tri em um ano

11/07/25 às 13:28 por Sindjuf/SE
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Os gastos do setor público consolidado (União, estados/municípios e estatais) com juros foram a R$ 92,1 bilhões somente em maio deste ano, segundo dados divulgados pelo Banco Central. Isso representa um salto gritante de 23,8% em relação aos R$ 74,4 bilhões registrados no mesmo período de 2024. Para colocar em perspectiva a magnitude desse descalabro, esse valor ultrapassa o orçamento combinado das áreas essenciais de Saúde, Educação e Assistência Social, e é dez vezes superior à arrecadação esperada com o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

 

E mais: nos últimos doze meses, encerrados em maio, a despesa com juros alcançou a estratosférica cifra de R$ 946 bilhões, o equivalente a 7,8% do Produto Interno Bruto (PIB). Essa despesa, que na prática se traduz em uma questionável transferência de renda do Orçamento público para bancos e detentores de títulos, é a face mais visível de uma política monetária que privilegia o capital financeiro em detrimento do bem-estar social. Essa escalada vertiginosa é um reflexo direto do ciclo de alta da taxa Selic, imposto pelo próprio Banco Central, que desde setembro de 2024 elevou a taxa básica de juros de 10,5% para os atuais e proibitivos 15%.

 

O próprio BC, em seu relatório de "Estatísticas Fiscais", cinicamente admite que "contribuíram para essa evolução os aumentos da taxa Selic e do estoque da dívida líquida no período". Uma constatação óbvia, mas que não atenua o impacto devastador dessa política.

 

Selic: motor da dívida, freio no crescimento, 

A Selic em 15% não é apenas um número; é um gargalo que sufoca investimentos públicos e privados, minando a economia e inviabilizando a geração de empregos. Tudo isso é defendido sob a retórica de combate à inflação e "ancoragem das expectativas do mercado". 

 

Essas tais "expectativas" não passam de uma pressão contínua do setor financeiro sobre o governo para que se promova cortes em investimentos essenciais e programas sociais, enquanto, de forma conveniente, se ignora a necessidade premente de discutir a limitação dos gastos com juros – os verdadeiros e incontestáveis vilões do crescimento da dívida pública.

 

A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a Selic de 14,75% para 15% ao ano irá onerar o erário em R$ 14,2 bilhões adicionais nos próximos doze meses. O próprio Banco Central já revelou que cada ponto percentual de aumento na Selic acarreta um acréscimo de R$ 56,8 bilhões na Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) ao longo de um ano.

 

É urgente questionar a lógica por trás de uma política econômica que, sob o pretexto de estabilidade, perpetua um ciclo vicioso de endividamento e transferência de riqueza, enquanto sacrifica o futuro do país e o bem-estar de sua população. Até quando?

 

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