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R$ 1 trilhão em juros: a fatura amarga da Selic para o Brasil

A irresponsabilidade da política monetária nacional escancara um cenário sombrio para as contas públicas e para o futuro da população brasileira. A escalada da taxa básica de juros, a famigerada Selic, transformou a rolagem da dívida pública em um ralo de recursos inédito na história do país. A previsão é de que o governo desembolsará a cifra astronômica de R$ 1 trilhão em apenas 12 meses para arcar com os juros.
Os números divulgados pelo próprio Banco Central (BC) são estarrecedores. Em um ano - de fevereiro de 2024 a fevereiro deste ano -, a dívida pública consumiu R$ 924 bilhões dos cofres públicos, um salto de 23,5% em relação ao período anterior. E a justificativa para essa sangria? A persistente elevação da Selic nos últimos seis meses, que hoje se encontra em um patamar sufocante de 14,25% (mas hoje mesmo, dia 6/05, o Comitê se reúne para discutir novo aumento).
A matemática é cruel e o próprio BC a explicita: cada ponto percentual de aumento na Selic adiciona mais de R$ 50 bilhões ao fardo da dívida. E o pior é que o Comitê de Política Monetária (Copom) sinaliza com insistência que a torneira do aumento dos juros continuará aberta, sem demonstrar qualquer sensibilidade aos impactos devastadores dessa política.
A confissão explícita de que a política monetária em curso sacrifica deliberadamente o povo é revoltante. A recente comemoração do diretor de Política Monetária do BC, Nilton David, pela desaceleração da economia, como um “sinal de que a política monetária está funcionando”, é um tapa na cara daqueles que amargam o desemprego e a perda de poder de compra. Essa “política monetária mais contracionista dos últimos tempos”, nas palavras do diretor do BC, é uma engrenagem de desigualdade e sofrimento.
Os efeitos nefastos da Selic nas alturas reverberam por toda a economia. O encarecimento do crédito paralisa investimentos e adia o consumo. A pressão por cortes de gastos, imposta como solução mágica para a dívida, ameaça desmantelar programas sociais essenciais e sufocar o investimento em infraestrutura, comprometendo o desenvolvimento futuro do país.
E a cereja amarga desse bolo indigesto é a constatação de que essa política beneficia diretamente os mais ricos, os grandes detentores de títulos da dívida pública. Quanto maior o gasto com juros, mais recursos são transferidos para quem menos precisa, aprofundando a obscena desigualdade que marca o Brasil. Enquanto a elite financeira celebra seus lucros inflacionados, a classe trabalhadora é jogada na lona, com o aumento do desemprego e a corrosão de sua renda.
É urgente que a condução da política econômica seja repensada com responsabilidade e foco no bem-estar da maioria da população. A Selic nas alturas não é a solução, mas sim o problema central que impede o Brasil de trilhar um caminho de crescimento sustentável e justiça social. A complacência com essa sangria dos cofres públicos é uma irresponsabilidade histórica que a sociedade não pode tolerar.