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Média salarial do trabalhador cai e ele continua pagando mais impostos

Os salários dos trabalhadores brasileiros sofreram uma queda de 6,9% em 2022. É o que aponta o relatório “A ‘sobrevivência’ do mais rico”, da Oxfam, divulgado no Dia do Trabalhador. Enquanto isso, diretores de empresas e acionistas receberam 24% a mais no ano passado (US$ 33,8 bilhões), comparando com (US$ 27,3 bilhões).
A desigualdade social no Brasil não é só alarmante, ela se destaca de outros países capitalistas. Executivos em cargos de liderança tiveram um aumento de 9% em remuneração. Já o trabalhador, na base do sistema, teve 3% de aumento real.
Os números, ajustados pela inflação, são baseados em dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e agências governamentais de estatísticas.
A análise da Oxfam é publicada justamente quando o Congresso Nacional discute a reforma tributária, partindo da taxação de consumo. Atualmente, 22% da arrecadação do país é proveniente de heranças e tributação sobre a renda, enquanto mais de 50% vêm de impostos cobrados sobre o consumo.
Atmosfera política
Para o deputado federal e coordenador do GT da Reforma Tributária na Câmara dos Deputados, Reginaldo Lopes (PT-MG), apesar da desconfiança de setores industriais e até da população com relação a um imposto único, há atmosfera política para aprovar a reforma, e isso precisa ser feito no primeiro ano da atual gestão.
“Temos capacidade política de aprovação no mais tardar para o fim de junho. A matéria deve ser aprovada no primeiro e segundo turno na Câmara para ter as distorções corrigidas no Senado com o objetivo de migrar a Reforma para uma segunda fase, renda e patrimônio, seguida da terceira, que inclui folha de pagamento”, disse Lopes ao se referir aos caminhos que o texto deve percorrer.
Grandes fortunas
Mas para o deputado Ivan Valente (PSOL-SP), a reforma tributária não terá uma tramitação fácil na Câmara dos Deputados. “Nós temos uma Câmara dos Deputados formada por gente rica e predatória, que não tem visão de solidariedade”, apontou o parlamentar em entrevista ao site Congresso em Foco.
Valente acredita que a reforma tributária deverá avançar apenas focando em pontos sobre o consumo, e que dificilmente o parlamento se debruçará sobre temas polêmicos como a taxação de grandes fortunas.
Injustiça tributária
A avaliação do deputado é compartilhada por Eduardo Fagnani, professor doutor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “O que está sendo priorizado hoje é a reforma do consumo. A reforma do consumo é importante? Sim, ela resolve a questão da eficiência econômica, mas a parte maior do problema é a injustiça tributária, a desigualdade social. Quem paga imposto no Brasil é o pobre”, destacou o professor.
Ele destaca que, quando analisados os critérios de tributação sobre a renda, o Brasil é o segundo país mais desigual do mundo, atrás somente do Catar. “O Brasil do ponto de vista da renda, da riqueza, ele está quase 100 anos atrasado em relação aos países da OCDE [Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico]”, destacou.
Fonte: Congresso em Foco