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A Folha é contra os servidores. Que sejamos contra ela

14/04/20 às 15:42 por Sindjuf/SE
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Do Sindjuf/SE

 

Não contribua com quem quer te derrubar. Cancele sua assinatura

 

Nem em tempos de pandemia, os servidores públicos deixam de ser o alvo dos ataques do governo federal. Não é difícil encontrar, agora, quem se ache no direito de dizer que “o funcionalismo deve dar sua contribuição” para a superação da crise causada pelo coronavírus. E essa contribuição seria ter nossos salários cortados.

 

A todo momento, afirmações como a supracitada são reproduzidas, ora pelo governo, ora pelos grandes meios de comunicação, que não trabalham a serviço do povo, mas dos interesses do mercado, que é o que verdadeiramente representam.

 

Na última segunda, 13, foi a Folha de São Paulo que publicou coluna de seu correspondente Leandro Colon, intitulada ‘Servidor público também precisa pagar a conta da crise’. Por falta de informação ou má fé mesmo, o colunista escreve que “o governo propõe cortes no setor privado, mas há um silêncio quando se trata do funcionalismo”.

 

Sabe-se muito bem que a Folha, assim como seus jornalistas e quaisquer de seus colaboradores cheios de opinião, conhece todas as investidas do governo contra os servidores e o serviço público. Por acaso, desconhece o teor das PECs 186 e 188, que propõem redução de jornadas e salários? PECs essas não votadas ainda por causa da pandemia do coronavírus, mas que, por outro lado, tem sido motivo também para o surgimento de novas tentativas de cortar os salários dos servidores. E com o apoio da grande mídia.

 

Colon chama-nos de elite e provoca ao citar nossa estabilidade. Será que ele não sabe há quantos anos estamos sem reajuste salarial real? E que nós, servidores do Poder Judiciário Federal, nem sequer data-base temos? Também estamos suscetíveis à demissão, sim, e cada vez mais projetos de lei querem facilitar isso.

 

A coluna da Folha diz ainda que o caixa seria de R$ 6 bilhões, caso fossem cortados 25% dos salários dos servidores por três meses. O valor iria para R$ 36,8 bilhões havendo corte também para servidores estaduais e municipais. Diga-nos, Leandro Colon, de quanto seria o caixa se os políticos, sobretudo os parlamentares, que aprovam as leis, “dessem sua contribuição”? Se tivessem parte de seu salário cortado e tantos auxílios e verbas a seu dispor suspensas temporariamente? Eles, sim, são os abastados e privilegiados.

 

De quanto seria o caixa se o governo resolvesse dar uma pausa no pagamento da dívida pública e parar de engordar os bolsos dos banqueiros e especuladores do sistema financeiro para priorizar a vida e a saúde das pessoas? Tendo em vista que a maior parte do orçamento federal vai para o pagamento dos juros e amortizações da dívida; em 2019, por exemplo, 38,27% de todo o orçamento federal executado foram destinados a este fim, o que corresponde a R$ 1,038 trilhão.

 

E se taxasse grandes fortunas? E se revogasse o teto dos gastos públicos, a Emenda Constitucional 95?

 

O colunista defende ainda que os servidores públicos recebam menos por trabalhar menos. O Sindjuf/SE pode falar pela categoria que representa, e não houve redução da carga de trabalho para os servidores do Poder Judiciário Federal. Ao contrário, o teletrabalho já existe normatizado, e para realizá-lo, exige-se produtividade ainda maior do que no local de trabalho. Além de tudo, não foram somente as atividades laborais que os servidores levaram para casa, mas também o aumento das despesas com energia, internet e materiais, sem qualquer contrapartida dos órgãos.

 

Há muitas formas justas de se enfrentar essa crise, mas governo e seus aliados – em todos os âmbitos – insistem em querer mandar a conta para os trabalhadores e os servidores públicos. Essa conta não é nossa.

 

Se a Folha, no entanto, sugere que também devemos pagar com nossos salários defasados, propomos a todos os servidores públicos do país que cancelem suas assinaturas, caso sejam assinantes desse jornal que insiste em nos depreciar, nos culpar e, de todas as formas, fazer campanha contra nós. Se querem nossos salários reduzidos, que retiremos, então, de nosso orçamento, esse custo com informação tendenciosa e que nada nos acrescenta. Quem sabe se todos fizerem isso, Leandro Colon seja justamente o primeiro a sentir na pele um corte de 25% em seu salário.

 

Ao fim do contrato vigente, o Sindjuf/SE não vai renovar a assinatura com a Folha de São Paulo.

 

 

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